O que é classificado na língua de sinais?
A língua de sinais não é um código, mas sim uma língua natural completa, com sua própria gramática e vocabulário, estruturada visual-espacialmente. Difere das línguas orais, utilizando expressões faciais, movimentos das mãos e do corpo para transmitir significado. Existem diversas línguas de sinais, distintas entre si, assim como as línguas faladas.
Muito Mais que Gestos: O que é Classificado na Língua de Sinais?
A língua de sinais, frequentemente equivocadamente tratada como um mero sistema de gestos, é na verdade uma língua natural completa e complexa, com estrutura gramatical própria, vocabulário rico e capacidade expressiva equivalente às línguas orais. Sua riqueza reside na combinação sutil e precisa de expressões faciais, movimentos das mãos, da cabeça e do corpo, organizados em um sistema visual-espacial único. Mas o que, especificamente, se classifica dentro dessa estrutura linguística?
A classificação na língua de sinais abarca diversos níveis, refletindo a complexidade inerente a ela. Não se trata simplesmente de categorizar os sinais individualmente, mas de entender como esses sinais se combinam e interagem para formar frases, orações e, finalmente, narrativas completas. Podemos, didaticamente, classificar os elementos da língua de sinais em algumas categorias principais:
1. Unidades Lexiconais (Sinais): Esta é a base, os “tijolos” da construção. Cada sinal representa um conceito, seja ele concreto (casa, árvore, gato) ou abstrato (amor, justiça, liberdade). A formação de um sinal envolve a configuração de mão (forma que a mão assume), a orientação (direção para onde a mão aponta), o movimento (deslocamento da mão) e o local (onde o sinal é realizado no espaço). A variação em cada um desses parâmetros gera uma vasta gama de sinais distintos, frequentemente com nuances de significado sutis. A classificação dos sinais em si pode se dar por meio de famílias lexicais (sinais relacionados semanticamente), ou ainda por categorias morfológicas, levando em conta sua estrutura interna e derivação.
2. Morfologia: A morfologia na língua de sinais é diferente da morfologia das línguas orais. Não temos afixos como prefixos e sufixos, mas sim processos como a incorporação (inserção de um sinal dentro de outro), a composição (combinação de dois ou mais sinais para criar um novo significado) e a modificação de parâmetros (alteração da intensidade do movimento, por exemplo, para expressar pluralidade ou intensidade).
3. Sintaxe: A gramática da língua de sinais define como os sinais se organizam para formar frases e orações. A ordem das palavras, na língua de sinais, muitas vezes difere das línguas orais e utiliza recursos espaciais para organizar as informações, utilizando o espaço em frente ao sinalizante como um cenário para a construção da narrativa. A sintaxe inclui também a concordância, a relação entre sujeito, verbo e objeto, expressa por meio de expressões faciais e movimentos do corpo.
4. Semântica e Pragmática: A semântica abrange o significado dos sinais e das frases, enquanto a pragmática se concentra no contexto de comunicação e como o significado é afetado pela situação comunicativa e pelos interlocutores. A expressão facial, na língua de sinais, desempenha um papel fundamental na semântica e pragmática, adicionando nuances de significado, emoções e até mesmo modificando a gramática da sentença.
5. Expressões Faciais e Corporais: Não podemos esquecer a importância crucial das expressões faciais e dos movimentos corporais. Eles não são elementos acessórios, mas sim componentes essenciais da estrutura gramatical, transmitindo informações gramaticais (como a modalidade de uma frase – afirmativa, interrogativa, exclamativa) e nuances de significado que são cruciais para a compreensão completa da mensagem.
Concluindo, classificar a língua de sinais requer uma abordagem multifacetada, reconhecendo a interdependência de seus componentes. É a combinação harmoniosa de sinais, morfologia, sintaxe, semântica, pragmática e a expressividade facial e corporal que confere à língua de sinais sua riqueza e complexidade, demonstrando ser uma língua natural completa e independente, com sua própria lógica e beleza.
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