O que é problema de concordância?

10 visualizações

A concordância verbal garante que o verbo se ajuste ao sujeito em número e pessoa. Por exemplo, Ele estuda está correto, enquanto Ele estudam ou Eles estuda são erros, pois o verbo não concorda com o sujeito.

Feedback 0 curtidas

O Quebra-Cabeça da Concordância Verbal: Mais do que Regras, um Reflexo da Língua

A concordância verbal, frequentemente abordada como uma simples regra gramatical, na verdade reflete a complexidade e a riqueza da língua portuguesa. Ela representa a harmonia entre o sujeito – aquele que pratica a ação – e o verbo – a ação em si. A concordância garante que o verbo se adapte ao sujeito, concordando em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa). Quando essa harmonia se quebra, surge o que chamamos de problema de concordância.

Mas a questão não se resume à simples memorização de regras. A complexidade da concordância reside nas diversas situações que a língua apresenta, exigindo um olhar atento para além das fórmulas tradicionais. Um erro de concordância não é apenas um deslize estético; ele pode comprometer a clareza e a precisão da mensagem, gerando ambiguidades e dificultando a compreensão do texto.

As Armadilhas da Concordância:

Diversos fatores podem levar a problemas de concordância, como:

  • Sujeitos compostos: Quando o sujeito é formado por mais de um núcleo, a concordância pode se dar no plural (a forma mais comum e geralmente recomendada) ou, em alguns casos, com o núcleo mais próximo do verbo (concordância atrativa, que deve ser usada com cautela para evitar ambiguidades). Exemplo: “O pai e os filhos partiram/partiu para viagem.” (plural recomendado, concordância atrativa possível, mas menos adequada neste caso).

  • Sujeitos pospostos: Quando o sujeito aparece após o verbo, a tendência é que este concorde com o núcleo mais próximo, mas o ideal é optar pela concordância com o núcleo do sujeito, evitando ambiguidades. Exemplo: “Chegou ao local o candidato e seus assessores.” (Concordância correta: Chegaram ao local o candidato e seus assessores.)

  • Expressões partitivas: Frases iniciadas por expressões como “a maioria de”, “a maior parte de”, “uma porção de” podem gerar dúvidas. A concordância pode se dar tanto com o núcleo do sujeito (singular ou plural, dependendo do contexto) quanto com o termo que especifica a quantidade (plural). Exemplo: “A maioria dos alunos faltou/faltaram à aula.” (Ambas as concordâncias são consideradas aceitáveis, mas a do plural é mais comum).

  • Verbos impessoais: Verbos como “haver” (no sentido de existir), “fazer” (indicando tempo), “ser” (indicando hora, data, distância) permanecem na terceira pessoa do singular. Exemplo: “Há muitos anos não o via.”

  • Concordância com o sujeito oracional: Quando o sujeito é uma oração inteira, o verbo fica na terceira pessoa do singular. Exemplo: “É importante que todos colaborem.”

A Importância da Revisão e o Contexto:

Dominar a concordância verbal requer prática e atenção. Ler bastante, observar a escrita de autores consagrados e rever seus próprios textos com cuidado são passos essenciais. Lembre-se: o contexto é fundamental. Às vezes, a concordância gramatical pode ceder espaço a uma concordância ideológica, buscando uma melhor fluidez e clareza, mas sempre com justificativa e sem prejudicar a compreensão.

Em resumo, dominar a concordância verbal é mais do que seguir regras; é entender a dinâmica da língua, compreendendo as nuances que a tornam rica e expressiva. Um texto com concordância impecável transmite segurança e credibilidade, reforçando a mensagem e impactando positivamente o leitor.