O que são verbos impessoais e unipessoais?

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Verbos impessoais e unipessoais compartilham restrições na flexão. Os impessoais, como haver no sentido de existir, mantêm-se estritamente na terceira pessoa do singular. Já os unipessoais, mais flexíveis, expressam-se tanto na terceira pessoa do singular quanto na do plural, frequentemente relacionados a fenômenos naturais ou vozes de animais.

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A Subtileza da Impessoalidade e a Flexibilidade da Unipessoalidade Verbal

A língua portuguesa, rica em nuances, apresenta peculiaridades na conjugação verbal que podem gerar dúvidas, especialmente quando se trata dos verbos impessoais e unipessoas. Embora ambos apresentem restrições na sua flexão, suas características e comportamentos diferem significativamente. Compreender essas diferenças é fundamental para o domínio da gramática e para a escrita precisa e elegante.

Verbos Impessoais: A Ausência de Sujeito

Verbos impessoais são aqueles que não possuem sujeito. Isso significa que não se referem a nenhum agente praticante da ação verbal. A sua forma permanece invariavelmente na terceira pessoa do singular, independente do contexto. O exemplo mais clássico e recorrente é o verbo haver no sentido de existir ou acontecer:

  • Há muitos livros na biblioteca. (não se refere a um sujeito que realiza a ação de “haver”)
  • Houve muitos acidentes na rodovia. (o verbo permanece no singular, mesmo com o plural implícito de “acidentes”)

Outros verbos que frequentemente se comportam como impessoais são:

  • Fazer, indicando tempo ou clima: Faz frio hoje. / Faz dois anos que não o vejo.
  • Ser, indicando tempo ou data: São dez horas. / Era segunda-feira.
  • Chover, nevar, trovejar, etc.: Choveu muito ontem. (os fenômenos meteorológicos não são sujeitos)

É importante destacar que a impessoalidade do verbo não está intrinsecamente ligada ao seu significado léxico, mas sim ao seu uso em um determinado contexto. O verbo “haver”, por exemplo, pode ser pessoal quando significa “ter” ou “receber”: Eu tenho muitos amigos.

Verbos Unipessoais: A Flexão Parcial

Diferentemente dos impessoais, os verbos unipessoais apresentam uma flexão limitada. Embora não apresentem um sujeito explícito da mesma forma que os verbos pessoais, eles se conjugam na terceira pessoa do singular e, dependendo do contexto, podem também se flexionar na terceira pessoa do plural. Estão tipicamente relacionados a fenômenos naturais ou sons emitidos por animais:

  • Trovejar, ventar, gear, amanhecer, anoitecer: Trovejou muito durante a noite. / Trovejaram fortes tempestades na região.
  • Latir, miar, mugir, cacarejar: O cachorro latiu. / Os cachorros latiram.

A flexão para o plural nos verbos unipessoais ocorre quando se deseja enfatizar a pluralidade ou a intensidade da ação. Observe a diferença sutil: Choveu muito. (um evento) vs. Choveram fortes chuvas na região. (eventos múltiplos e intensos). A concordância no segundo exemplo reflete a multiplicidade das chuvas.

Conclusão: A Distinção Crucial

A distinção entre verbos impessoais e unipessoais reside na sua flexibilidade de conjugação. Os impessoais são invariavelmente empregados na terceira pessoa do singular, enquanto os unipessoais admitem a flexão para o plural, dependendo da ênfase desejada, mantendo-se, contudo, restritos à terceira pessoa. Compreender essa diferença é essencial para evitar erros gramaticais e aprimorar a precisão da sua escrita. A análise contextual é crucial para a correta identificação e classificação desses verbos.