O que uma criança com apraxia de fala pensa mais do que?

9 visualizações

A apraxia da fala infantil impede a criança de transformar seus pensamentos em palavras, embora o raciocínio permaneça intacto. É um problema motor na produção da fala, não de compreensão.

Feedback 0 curtidas

O que uma criança com apraxia de fala pensa mais do que?

A apraxia da fala infantil é um transtorno que frequentemente intriga pais e profissionais da saúde. Diferencia-se de outras dificuldades de comunicação, como a dislexia ou a gagueira, pois o núcleo do problema reside na execução da fala, não na compreensão ou no raciocínio. Enquanto a criança com apraxia de fala pode perfeitamente entender o que é dito e formula perguntas complexas, sua capacidade de transformar seus pensamentos em palavras fluentes e precisas é prejudicada.

A apraxia da fala infantil não se manifesta como uma falta de conhecimento ou de ideias. A criança com apraxia pensa, planeja, e compreende. Suas habilidades cognitivas permanecem inabaladas; ela pode raciocinar, aprender e imaginar tão bem quanto qualquer outra criança. A barreira reside na coordenação neuromuscular necessária para produzir os movimentos precisos da boca, língua, lábios e respiração que constituem a fala.

Imagine uma criança que quer dizer “mamãe trouxe um cachorro novo”. Seu pensamento e compreensão sobre o cachorro novo estão presentes, mas o cérebro dela luta para coordenar os músculos envolvidos em articular os sons, sílabas e palavras de forma organizada e fluente. A criança pode até mesmo “experimentar” mentalmente os sons corretos, mas os músculos envolvidos na fala não conseguem executar as instruções adequadamente.

Assim, o que a criança com apraxia de fala pensa mais do que? Ela pensa sobre a importância do que vai dizer, sobre as emoções e sentimentos que a mensagem carrega, sobre a necessidade de se comunicar e sobre a frustração que a dificuldade de expressão lhe causa. Esses pensamentos, apesar de não serem diretamente visíveis, são cruciais para a compreensão do seu sofrimento e da complexidade deste transtorno.

A chave para ajudar uma criança com apraxia de fala não é ignorar seus pensamentos, mas reconhecê-los e valorizá-los. Ela não pensa menos; pensa de forma intensa, mas a capacidade de expressar esses pensamentos é limitada. O foco deve estar em estratégias que auxiliem na comunicação alternativa, como a utilização de pranchas de comunicação, aplicativos de voz digitalizada, ou até mesmo em apoio gestual, visando minimizar a frustração e maximizar a comunicação e a interação social.

É essencial lembrar que cada criança com apraxia é única, e a intensidade dos desafios varia. O acompanhamento multidisciplinar, incluindo fonoaudiólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais, é fundamental para desenvolver um plano individualizado de intervenção, que reconheça os pensamentos da criança, permitindo sua participação ativa no processo de melhora e desenvolvimento da comunicação.