Quais são os tipos de preconceito linguístico?

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O preconceito linguístico se manifesta de diversas formas, como zombar de gírias ultrapassadas, corrigir a pronúncia alheia sem necessidade, considerar variantes antigas como superiores e menosprezar a linguagem informal da internet, revelando uma visão excludente da comunicação.

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Os Diversos Rostos do Preconceito Linguístico

O preconceito linguístico, muitas vezes camuflado em supostas correções gramaticais ou em julgamentos de estilos de fala, é um fenômeno complexo e disseminado. Ele não se manifesta apenas na forma de piadas ou comentários depreciativos diretos, mas permeia a comunicação, criando barreiras e exclusões. Compreendê-lo em suas múltiplas facetas é crucial para combatê-lo e promover uma sociedade mais inclusiva.

A manifestação mais evidente do preconceito linguístico reside na discriminação de variedades linguísticas distintas. Não se trata apenas de criticar a utilização de gírias ou a informalidade da linguagem digital, mas de desqualificar completamente esses modos de expressão como inferiores. A linguagem, em sua essência, é dinâmica e evolui constantemente, refletindo as mudanças sociais e culturais de uma comunidade. Assim, uma gíria, considerada “arcaica” ou “deselegante” por alguns, pode ser fundamental para a identidade de um grupo social, facilitando a comunicação entre seus membros.

Outro aspecto importante do preconceito linguístico é a correção “impositiva” da pronúncia. Ouvir alguém pronunciar uma palavra de forma diferente da que se considera “correta” pode desencadear um julgamento instantâneo, muitas vezes baseado em estereótipos sociais. Ignorar que diferentes regiões do país e diferentes grupos sociais possuem suas próprias normas de pronúncia demonstra uma desconexão com a riqueza da diversidade linguística. A pronúncia, assim como o vocabulário e a sintaxe, é um reflexo da cultura e da história de um indivíduo ou grupo.

A hierarquização das variedades linguísticas também constitui um tipo de preconceito. A ideia de que certas formas de falar são “superiores” a outras, muitas vezes ligada a padrões gramaticais formais de uma determinada época ou região, revela uma mentalidade elitista e excludente. Isso se estende à análise de textos literários clássicos, onde a linguagem formal desses textos é frequentemente elevada a um pedestal, enquanto outras formas de expressão são marginalizadas.

No contexto digital, o preconceito linguístico se manifesta na desvalorização da linguagem informal da internet. A utilização de abreviações, emojis e outras formas criativas de expressão são muitas vezes vistas como desprovidas de rigor ou inteligência, desconsiderando a capacidade comunicativa e expressiva desses recursos. As mensagens de texto, por exemplo, se adaptam às necessidades e às características da comunicação instantânea e abreviada, e desconsiderá-las como um tipo legítimo de comunicação é um erro.

Enfrentar o preconceito linguístico requer uma mudança de mentalidade, incentivando o reconhecimento da diversidade linguística e a valorização de todas as suas formas de expressão. Reconhecer que a linguagem é um instrumento de comunicação e construção de identidade, e não apenas um conjunto de regras fixas, é fundamental para desconstruir a hierarquia e a discriminação que permeiam a comunicação. Somente através de um olhar mais amplo e inclusivo, que valoriza a diversidade linguística, é que poderemos construir uma sociedade mais justa e equitativa.