Qual é a derivação parassintética de feliz?

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A palavra felicidade ilustra a parassíntese, processo de formação de palavras simultaneamente por prefixação e sufixação. A partir do radical feliz, adicionam-se o prefixo in e o sufixo idade, criando infelicidade. Difere da derivação prefixal, pois esta envolve apenas a adição de prefixo. A ordem exata da formação é discutível, mas a parassíntese é evidente.

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A Derivação Parassintética de “Feliz” e suas Nuances: Além da “Infelicidade”

A formação de palavras na língua portuguesa é um processo rico e complexo, e a parassíntese se destaca como um mecanismo particularmente interessante. Enquanto a derivação prefixal e sufixal adicionam afixos isoladamente, a parassíntese realiza simultaneamente ambas as operações, criando uma nova palavra que não existiria com apenas um dos afixos. A palavra “infelicidade”, frequentemente citada como exemplo, ilustra perfeitamente essa formação a partir do radical “feliz”, mas a análise requer uma abordagem mais detalhada do que simplesmente afirmar a adição de “in” e “idade”.

A questão da ordem de formação – prefixação seguida de sufixação ou vice-versa – é um ponto crucial e, em muitos casos, indecidível. Não existe uma forma objetiva de determinar se “infeliz” foi formado primeiro, seguido pela adição de “-idade”, ou se “felicidade” surgiu primeiro, sofrendo posteriormente a prefixação com “in-“. Ambas as palavras, “infeliz” e “felicidade”, são palavras lexicais independentes em português, adicionando uma camada de complexidade à análise.

A afirmação da parassíntese em “infelicidade” reside na impossibilidade de formar a palavra com apenas um dos afixos. Não existe uma palavra “infelizidade” nem “felicidade” (com a ausência do “in-“). A palavra só se completa semanticamente e gramaticalmente com a combinação simultânea do prefixo negativo “in-” e o sufixo nominalizador “-idade”. A co-ocorrência desses afixos é essencial para a construção do significado.

Portanto, a derivação de “infelicidade” a partir de “feliz” por meio da parassíntese vai além de uma simples adição mecânica de afixos. Ela demonstra uma relação sintagmática, onde o significado emerge da interação entre o radical e ambos os afixos. A análise precisa considerar a independência lexical de “infeliz” e “felicidade”, a impossibilidade de formação da palavra com apenas um afixo e o surgimento de um novo significado a partir da combinação simultânea dos dois. Essa complexidade é característica da riqueza e da sutileza da formação de palavras no português. A “infelicidade”, portanto, serve como um exemplo não apenas da parassíntese, mas da riqueza de interações morfológicas que enriquecem a nossa língua.