Qual é a língua materna da pessoa surda?
Para Góes (1996), a língua de sinais é a língua materna da pessoa surda, a base para o desenvolvimento cognitivo e afetivo. A surdez, por si só, não impõe limites a esses processos, sendo a língua de sinais o alicerce natural da comunicação e do aprendizado.
A Língua Materna da Pessoa Surda: Desconstruindo Mitos e Celebrando a Língua de Sinais
A pergunta “Qual é a língua materna da pessoa surda?” parece simples, mas carrega consigo uma complexidade histórica e social significativa. A resposta, respaldada por décadas de pesquisa linguística e estudos em educação inclusiva, é inequívoca: a língua materna da pessoa surda é a Língua de Sinais. Entretanto, essa afirmação, tão óbvia para muitos, ainda enfrenta resistência e desinformação generalizadas.
Contrariamente a um equívoco persistente, a surdez não impede o desenvolvimento de uma língua materna rica e complexa. A crença de que a ausência de audição automaticamente resulta em limitações cognitivas e linguísticas é um mito prejudicial, que historicamente negou às pessoas surdas o acesso pleno à educação e à comunicação em sua língua natural.
Para compreender a importância da Língua de Sinais como língua materna, é crucial desmistificar alguns pontos cruciais:
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A Língua de Sinais não é uma “linguagem mímica” ou “gesticulação”: É um sistema linguístico completo, com sua própria gramática, sintaxe, semântica e estrutura complexa, tão rica e expressiva quanto qualquer língua oral. Ela não se limita a traduzir a língua oral; possui sua própria lógica e nuances culturais.
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A aquisição da Língua de Sinais no período crítico do desenvolvimento infantil é fundamental: Assim como acontece com as línguas orais, a exposição precoce à Língua de Sinais é crucial para o desenvolvimento cognitivo, social e emocional da criança surda. A privação dessa língua no início da vida pode acarretar atrasos e dificuldades de desenvolvimento similares àquelas observadas em crianças ouvintes privadas do acesso a uma língua oral.
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A Línguas de Sinais são diversas e específicas de cada comunidade: Assim como existem diversas línguas orais pelo mundo, também existem diversas Línguas de Sinais, cada uma com suas peculiaridades regionais e culturais. A Língua Brasileira de Sinais (Libras), por exemplo, é diferente da American Sign Language (ASL) ou da Langue des Signes Française (LSF).
A visão de Para Góes (1996) reforça a importância primordial da Língua de Sinais para a pessoa surda: é a base para o desenvolvimento cognitivo e afetivo, o alicerce natural para a comunicação e o aprendizado. A surdez, em si, não impõe limites a esses processos; a privação da língua de sinais é que os limita.
Reconhecer a Língua de Sinais como língua materna das pessoas surdas é um passo fundamental para a promoção da inclusão e da equidade. Isso implica em garantir o acesso à educação bilíngue (Língua de Sinais e Língua Portuguesa, por exemplo), promover a valorização da cultura surda e respeitar a identidade linguística de cada indivíduo. Somente assim poderemos construir uma sociedade verdadeiramente inclusiva, onde a diversidade linguística seja celebrada e respeitada.
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