Quando é que se usa à?

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Empregamos a preposição a com crase (à) diante de palavras femininas que indicam lugar, funcionando como adjunto adverbial de lugar. Observe: Irei à faculdade e Todos foram à reunião. Também a usamos antes de objetos indiretos ou complementos nominais femininos, como em Referiu-se à sua amiga.

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Desvendando o “À”: Um Guia Completo e Sem Complicações

A crase, representada pelo acento grave (`) sobre a letra “a”, muitas vezes causa confusão na língua portuguesa. A combinação “à” surge quando a preposição “a” (exigida por um verbo ou nome) se junta ao artigo definido feminino “a”. Mas, para além da regra básica, existem nuances e armadilhas que merecem nossa atenção. Este artigo visa desmistificar o uso do “à” de forma clara, concisa e com exemplos que fogem do lugar-comum, evitando a redundância com outras explicações já encontradas na internet.

1. O Encontro Fatídico: Preposição “a” + Artigo “a”

Como já mencionado, a crase ocorre quando a preposição “a” se une ao artigo feminino “a”. A chave para identificar se a crase é necessária está em verificar se a palavra seguinte exige a preposição “a”.

  • Verbos que pedem a preposição “a”: Verbos como ir, referir-se, obedecer, aspirar (no sentido de desejar), agradecer, entregar frequentemente regem a preposição “a”.
    • Exemplo: “Aspiro à presidência da empresa” (Quem aspira, aspira a alguma coisa). Note que “presidência” é um substantivo feminino.
    • Exemplo: “Entreguei o relatório à secretária.” (Quem entrega, entrega algo a alguém).
  • Nomes que pedem a preposição “a”: Substantivos, adjetivos e advérbios também podem exigir a preposição “a”.
    • Exemplo: “Tenho aversão à burocracia.” (Aversão a alguma coisa).
    • Exemplo: “Ele é favorável à reforma.” (Favorável a alguma coisa).

2. A Prova dos Nove: Substituindo por “ao”

Uma maneira simples de verificar se o uso do “à” está correto é substituir a palavra feminina seguinte por uma palavra masculina. Se, ao fazer essa substituição, você precisar usar “ao”, então o “à” é necessário.

  • Com crase: “Vou à praia.” (Substituindo: Vou ao clube).
  • Sem crase: “Fui a Lisboa.” (Substituindo: Fui a Porto). Perceba que não usamos “ao Porto”.

3. Casos Especiais e Pegadinhas

  • Expressões adverbiais femininas: Muitas expressões adverbiais femininas levam crase.
    • Exemplos: à tarde, à noite, à medida que, à vontade, à espera de. Note que essas expressões funcionam como um advérbio (indicando tempo, modo, etc.).
  • Horas: Emprega-se crase para indicar horas determinadas.
    • Exemplo: “A reunião começará às 15h.”
  • Distância: A crase é opcional quando “distância” não está especificada.
    • Exemplo: “Vi o acidente à distância.” (ou “a distância”)
    • Exemplo: “Vi o acidente à distância de 100 metros.” (Crase obrigatória porque a distância está especificada)
  • Nomes de lugares: Nem todos os nomes de lugares femininos levam crase. O truque é lembrar: se você vai à e volta da, a crase está no lugar! Se você vai a e volta de, crase pra quê?
    • Exemplo: Vou à Bahia (Volto da Bahia).
    • Exemplo: Vou a Roma (Volto de Roma).
  • Antes de pronomes de tratamento: Em geral, não se usa crase antes de pronomes de tratamento, exceto quando acompanhados da palavra “senhora”.
    • Exemplo: Dirijo-me a Vossa Excelência.
    • Exemplo: Dirijo-me à senhora diretora.

4. O Que Evitar: Armadilhas Comuns

  • Antes de palavras masculinas: A crase nunca ocorre antes de palavras masculinas.
    • Exemplo INCORRETO: “à carro” (O correto é: “ao carro”).
  • Antes de verbos: Nunca use crase antes de verbos no infinitivo.
    • Exemplo INCORRETO: “Começou à chover” (O correto é: “Começou a chover”).
  • Antes de pronomes pessoais (eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas): Não se usa crase antes de pronomes pessoais.
    • Exemplo: “Refiro-me a ela.”
  • Antes de pronomes indefinidos (tudo, nada, alguém, etc.): Não se usa crase antes de pronomes indefinidos.
    • Exemplo: “Não devo nada a ninguém.”
  • No singular, antes de palavra no plural: Em geral, não se usa crase quando a preposição “a” está no singular e a palavra seguinte está no plural.
    • Exemplo: “Não me refiro a pessoas.” (Exceção: Quando “a” é pronome demonstrativo, como em “Refiro-me àquelas pessoas”.)

Conclusão

Dominar o uso do “à” exige atenção, prática e o conhecimento das regras e exceções. Lembre-se da dica da substituição por “ao” e da análise da regência verbal e nominal. Com este guia completo e exemplos práticos, você estará mais preparado para navegar pelas complexidades da crase e evitar erros comuns, aprimorando sua escrita e comunicação. A prática leva à perfeição!