Quantos graus de adjetivos existem?

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O adjetivo varia em número (singular/plural) e grau (comparativo - igualdade, superioridade, inferioridade - ou superlativo - absoluto analítico, absoluto sintético, relativo).

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A Complexidade dos Graus do Adjetivo: Mais do que Apenas “Grande”, “Maior” e “Maior que…”

A afirmação de que os adjetivos possuem apenas grau comparativo e superlativo, com suas subdivisões, é uma simplificação excessiva, frequentemente encontrada em abordagens introdutórias à gramática. A verdade é que a classificação dos graus dos adjetivos é mais nuanced e depende, em grande parte, da perspectiva analítica adotada. A tradicional divisão em comparativo e superlativo, com suas variantes, não abarca a totalidade das possibilidades expressas pela flexão e composição adjetiva em português.

O sistema tradicional, que divide o grau em comparativo (igualdade, superioridade, inferioridade) e superlativo (absoluto analítico, absoluto sintético, relativo), oferece uma base sólida, mas incompleta. Ele descreve bem as formas mais comuns:

  • Comparativo de igualdade: Usa “tão…como/quanto” (ex: Ele é tão alto quanto o irmão.)
  • Comparativo de superioridade: Usa “mais…que/do que” (ex: Ela é mais inteligente que o colega.) ou formas sintéticas irregulares (ex: bom – melhor, mau – pior)
  • Comparativo de inferioridade: Usa “menos…que/do que” (ex: Este carro é menos potente do que aquele.)
  • Superlativo absoluto analítico: Usa advérbios de intensidade + adjetivo (ex: muito inteligente, extremamente rápido)
  • Superlativo absoluto sintético: Usa sufixos como “-íssimo”, “-érrimo” (ex: inteligentíssimo, velocíssimo)
  • Superlativo relativo: Indica a superioridade em relação a um conjunto (ex: Ele é o aluno mais inteligente da turma.)

No entanto, devemos considerar que a intensidade adjetiva pode ser expressa de outras maneiras, que escapam a essa classificação binária:

  • Gradação lexical: O uso de adjetivos que implicam uma escala crescente ou decrescente de intensidade (ex: morno, quente, escaldante). Não há uma forma comparativa ou superlativa explícita, mas a própria sequência lexical indica grau.
  • Pleonasmo adjetivo: A repetição do adjetivo ou o uso de sinônimos para reforçar a intensidade (ex: frio, frio, gelado). Embora não seja uma flexão propriamente dita, gera efeito de intensificação.
  • Uso de advérbios: Como já mencionado no superlativo absoluto analítico, a intensidade pode ser variada com o uso de advérbios como “muito”, “pouco”, “bastante”, “extremamente”, etc., que não se enquadram na classificação tradicional de graus.

Concluindo, a questão de “quantos graus” existem não tem uma resposta numérica simples. A classificação tradicional em comparativo e superlativo oferece uma estrutura útil, mas é limitada. A intensidade adjetiva é um fenômeno complexo que envolve diferentes recursos da língua, ultrapassando a simples flexão morfológica e exigindo uma análise mais abrangente da semântica e da pragmática do enunciado. A quantidade de “graus” depende, portanto, da perspectiva analítica adotada e da profundidade da análise gramatical realizada.