Quais são os tipos de recursos de estilo?

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A estilística recorre a diversos recursos, principalmente as figuras de linguagem. Estas se dividem em figuras de palavras (comparação, metáfora, metonímia, sinestesia etc.) e figuras de sintaxe (elipse, pleonasmo, silepse, hipérbato, polissíndeto etc.), enriquecendo a expressividade textual.

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Além das Figuras de Linguagem: Uma Exploração dos Recursos de Estilo

A estilística, o estudo da linguagem literária e seus efeitos, se apoia em uma ampla gama de recursos que vão além das conhecidas figuras de linguagem. Embora as figuras de palavras (como metáfora, metonímia e sinestesia) e figuras de sintaxe (como elipse, hipérbato e anáfora) sejam elementos fundamentais, a riqueza estilística transcende essa classificação binária. Este artigo propõe uma análise mais abrangente, explorando categorias e exemplos de recursos estilísticos que contribuem para a construção do efeito pretendido pelo autor.

1. Recursos Fonéticos: A sonoridade da linguagem também desempenha papel crucial na estilística. Aqui, a atenção se volta para os aspectos fônicos, buscando efeitos estéticos por meio da repetição de sons. Podemos citar:

  • Aliteração: Repetição de consoantes, principalmente no início das palavras, criando um efeito musical (ex: “Casa confortavelmente calorosa”).
  • Assonância: Repetição de vogais, gerando harmonia ou dissonância sonora (ex: “No amargo amor, o alto amor”).
  • Paronomásia: Emprego de palavras com som semelhante, mas com significado diferente, criando jogos de palavras (ex: “O cão está solto no chão“).

2. Recursos Semânticos (além das figuras de palavras): A semântica, o estudo do significado, contribui para a estilística por meio de escolhas lexicais que produzem efeitos específicos:

  • Campo Semântico: A recorrência de palavras pertencentes a um mesmo campo semântico, reforçando um tema ou ideia central (ex: um texto sobre a natureza que utiliza repetidamente palavras como “floresta”, “árvore”, “rio”, “terra”).
  • Ironia: Utilização de palavras ou expressões com significado contrário ao literal, geralmente para criar humor ou sarcasmo. (ex: “Que dia maravilhoso!”, dito em meio a uma tempestade).
  • Antítese: Justaposição de ideias ou palavras com sentidos opostos, criando contraste (ex: “Amor e ódio, luz e sombra”).

3. Recursos Retóricos: Esses recursos visam a persuasão e a eficácia da comunicação, utilizando estratégias argumentativas:

  • Epíteto: Adjetivo que expressa uma qualidade inerente a um substantivo (ex: “branco leite”, “verde esperança”). Embora possa se sobrepor às figuras de linguagem, o foco retórico da informação adicionada difere de uma simples metáfora, por exemplo.
  • Apóstrofe: Interrupção do discurso para dirigir-se diretamente a alguém ou algo, geralmente ausente ou inanimado (ex: “Ó mar, insondável mistério!”).
  • Perífrase: Maneira indireta de nomear algo, utilizando uma descrição (ex: “A cidade luz” para Paris).

4. Recursos Sintáticos (além das figuras de sintaxe): A organização da frase e do período também constitui um recurso estilístico importante. A análise vai além da mera identificação de figuras de sintaxe para observar o efeito de outras construções frasais:

  • Periodicidade/Assindética: Orações longas e complexas com ou sem conjunções, respectivamente. Influenciam ritmo e ênfase.
  • Paralelismo: Construção sintática similar em frases ou períodos sucessivos, criando ritmo e harmonia.
  • Inversão: Alteração da ordem canônica das palavras na frase, criando efeito de estranhamento ou ênfase.

Concluindo, a estilística se nutre de uma variedade ampla de recursos que extrapolam a simples classificação em figuras de palavra e sintaxe. A compreensão desses recursos, em sua riqueza e interdependência, é fundamental para uma análise completa e profunda da linguagem literária e, inclusive, de textos não literários, que recorrem a muitos destes recursos de forma sutil ou explícita, visando o impacto desejado no leitor.