Por que a Libras é considerada uma língua e não uma linguagem?
Libras é uma língua completa, não mera linguagem. Possui estrutura gramatical própria, com regras de sintaxe e semântica sofisticadas que permitem a expressão de ideias complexas, assim como qualquer língua oral.
Libras: Uma Língua de Pleno Direito, e não apenas uma Linguagem
Frequentemente, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é erroneamente classificada como uma “linguagem” em vez de uma “língua”. Essa distinção, aparentemente sutil, revela uma profunda incompreensão sobre a natureza da comunicação e a riqueza da Libras como sistema linguístico completo e autônomo. A verdade é que a Libras, longe de ser um mero conjunto de gestos, possui todos os atributos de uma língua, com estrutura gramatical complexa e capacidade expressiva equiparável a qualquer língua oral.
A principal diferença entre língua e linguagem reside na sua estrutura e organização. Linguagem, em sentido amplo, refere-se à capacidade humana de comunicação, abrangendo diversas formas de expressão, como a escrita, a fala, os gestos e até mesmo imagens. Já a língua é um sistema linguístico específico, estruturado e organizado, com regras próprias de sintaxe, morfologia, semântica e fonologia – adaptadas ao seu modalidade visual-espacial. A Libras se encaixa perfeitamente nesta última definição.
A estrutura gramatical da Libras é rica e sofisticada. Não se trata de uma simples transcrição da língua portuguesa para gestos, mas sim de um sistema gramatical com sua própria lógica. A ordem das palavras, por exemplo, pode variar significativamente, alterando o sentido da frase. A Libras utiliza elementos não-manuais, como expressões faciais e movimentos corporais, que desempenham papel fundamental na construção do significado, transmitindo nuances emocionais e informações gramaticais essenciais. Verbos, substantivos e adjetivos são expressos por meio de configurações de mão, movimentos e localização no espaço, gerando uma complexidade sintática que possibilita a construção de frases e narrativas elaboradas.
A semântica da Libras também é rica e abrangente. Ela não se limita a traduções literais do português, mas possui um léxico próprio que evolui e se adapta à cultura surda. Existem expressões idiomáticas e metáforas específicas da Libras, impossíveis de serem traduzidas diretamente para o português sem perda de significado. A capacidade da Libras de expressar conceitos abstratos, discutir temas complexos e transmitir diferentes níveis de formalidade prova sua capacidade expressiva como uma língua plenamente desenvolvida.
Desconsiderar a Libras como uma língua completa é minimizar sua importância e o rico patrimônio cultural da comunidade surda. É negar a riqueza de sua estrutura gramatical, sua expressividade única e sua capacidade de transmitir todo o espectro de pensamentos e emoções humanas. Reconhecer a Libras como uma língua de pleno direito é fundamental para garantir o acesso à educação, à informação e à inclusão social das pessoas surdas, promovendo o respeito à sua cultura e à sua forma própria de comunicação. A Libras não é apenas uma linguagem; é uma língua viva, dinâmica e essencial para a identidade e o desenvolvimento da comunidade surda brasileira.
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