Por que no Brasil o português é considerado uma segunda língua para os surdos?
O português, língua oral, demanda o canal auditivo para compreensão. A Língua Brasileira de Sinais (Libras), por sua vez, utiliza o canal visual, demonstrado por sinais manuais, expressões faciais e corporais. Surdos possuem a capacidade de significar o mundo por meio de Libras, assim como ouvintes por meio do português.
Por que no Brasil o português é considerado uma segunda língua para os surdos?
A questão de o português ser considerada uma segunda língua para os surdos no Brasil não se resume a uma simples distinção entre língua oral e língua de sinais. É um reflexo complexo de fatores históricos, sociais e educacionais que, ao longo do tempo, contribuíram para a construção de um cenário onde a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e o português ocupam espaços distintos, mas interdependentes, na vida dos surdos brasileiros.
O português, língua oral, demanda o canal auditivo para compreensão. A Língua Brasileira de Sinais (Libras), por sua vez, utiliza o canal visual, demonstrado por sinais manuais, expressões faciais e corporais. Surdos possuem a capacidade de significar o mundo por meio de Libras, assim como ouvintes por meio do português. A distinção crucial, no entanto, reside na experiência fundamental da aquisição da língua. Para uma criança ouvintes, a língua materna é o português, aprendida naturalmente através da comunicação oral. Para uma criança surda, a língua materna é a Libras.
O cenário histórico brasileiro, marcado por décadas de exclusão e marginalização dos surdos, contribuiu substancialmente para essa situação. A imposição do português como língua de ensino e comunicação em escolas e ambientes sociais, em detrimento de Libras, muitas vezes impedia o desenvolvimento pleno da linguagem e a inserção social dos surdos. Essa prática de marginalização, em muitos casos, culminou na aprendizagem do português como uma segunda língua, essencial para a interação com o mundo ouvinte, mas muitas vezes sem a mesma fluência e naturalidade da Libras.
A falta de reconhecimento da Libras como língua oficial e de direito à educação bilíngue em Libras e Português também perpetua essa situação. Apesar dos avanços legais, como a Lei nº 10.436/02, que reconhece a Libras como língua brasileira, ainda há um longo caminho a percorrer para que a utilização da Libras seja plenamente integrada no sistema educacional e social. A dificuldade de acesso à Libras na formação de professores, a falta de recursos didáticos e a precariedade da inclusão em instituições de ensino contribuem para o aprendizado fragmentado e muitas vezes inadequado do português para muitos surdos.
Concluindo, a percepção do português como “segunda língua” para os surdos brasileiros não é um resultado intrínseco da própria natureza da Libras, mas sim um produto de um histórico de exclusão e falta de políticas públicas efetivas que promovam a educação bilíngue e a inclusão social. A garantia de uma educação bilíngue, com pleno reconhecimento e valorização da Libras como língua materna dos surdos, é fundamental para a superação dessa situação e a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
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