Quais são as formas de tratamento da língua portuguesa?

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A língua portuguesa apresenta variações culturais significativas, principalmente entre a norma coloquial e a norma culta. A coloquial, informal e próxima à fala espontânea, é adequada a gêneros como cartazes, fábulas e cartuns. A norma culta, formal e rigorosa, prevalece em textos como reportagens, redações e romances. A escolha da norma depende do contexto comunicativo.

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As Faces da Cortesia: Um mergulho nas formas de tratamento da língua portuguesa

A língua portuguesa, rica e versátil, possui um sistema de tratamento que reflete nuances sociais e culturais muitas vezes sutis, mas essenciais para uma comunicação eficaz e respeitosa. Diferentemente de línguas com sistemas mais simplificados, o português oferece uma variedade de formas de tratamento, cada uma carregando consigo conotações específicas de formalidade, intimidade e hierarquia. Compreender essas nuances é crucial para navegar com sucesso pelas complexidades da comunicação em português.

A distinção mais básica se encontra entre o tratamento formal e o informal. A forma informal, geralmente empregada entre pessoas próximas, familiares ou em contextos descontraídos, utiliza o pronome “tu” e sua conjugação verbal correspondente. A simplicidade e a naturalidade são suas marcas registradas, frequentemente acompanhadas de diminutivos e expressões de afeto. Exemplo: “Tu vais ao cinema hoje?”

Já a forma formal, reservada para situações que exigem maior respeito e distanciamento social, utiliza o pronome “você” (ou, em situações mais arcaicas, “vós”). “Você” deriva de “vossa mercê”, expressão de origem medieval que denotava reverência e subordinação. Sua utilização se estende a contextos profissionais, acadêmicos, ou ao se dirigir a pessoas mais velhas ou com posição social superior. Exemplo: “O senhor poderia me auxiliar?”.

No entanto, a aparente simplicidade dessa divisão esconde uma complexidade fascinante. Dentro da formalidade, encontramos variações sutis, dependendo do grau de formalidade requerido:

  • Tratamento “você” generalizado: Utilizado na maioria das situações formais do Brasil e em Portugal, abrangendo desde o contato profissional até interações com desconhecidos.

  • Tratamento “Vossa Senhoria” (V. Sª.): Forma de tratamento formal utilizada para se dirigir a pessoas com algum título ou posição social relevante, mas menos elevada do que as que recebem “Vossa Excelência”. É uma forma em declínio no uso contemporâneo.

  • Tratamento “Vossa Excelência” (V. Exª.): Utilizado para se dirigir a altas autoridades, como presidentes, ministros, governadores, desembargadores e outras figuras de elevada hierarquia. A forma plural é “Vossas Excelências” (V. Exas.).

  • Tratamento “Vossa Magnificência” (V. Magª.): Utilizado para se dirigir a reitores de universidades.

  • Tratamento “Vossa Santidade” (V. S.): Utilizado para se dirigir ao Papa.

  • Tratamento “Vossa Alteza” (V. A.): Utilizado para se dirigir a membros da realeza com o título de príncipe ou princesa.

  • Tratamento “Vossa Majestade” (V. M.): Utilizado para se dirigir a reis e rainhas.

É importante notar que a escolha inadequada da forma de tratamento pode gerar mal-entendidos e constrangimentos. A contextualização é fundamental. Um tratamento formal em um ambiente informal pode parecer frio e distante, enquanto um tratamento informal em uma situação formal pode ser percebido como falta de respeito. A sensibilidade para as nuances sociais e a capacidade de adaptação são essenciais para uma comunicação eficaz e harmoniosa. A observação da prática social e o bom senso devem guiar a escolha da forma de tratamento mais adequada a cada situação comunicativa.

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