Quais são as principais diferenças entre as línguas orais e as línguas de sinais?

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Línguas de sinais não são mímicas, mas sim línguas complexas com gramática própria, utilizando o canal viso-motor (expressão facial e corporal) para comunicação. Diferentemente das línguas orais, que usam o canal oral-auditivo (fala e audição), as línguas de sinais possuem estrutura e regras linguísticas específicas.

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Ouvindo com os Olhos, Falando com as Mãos: As Diferenças Fundamentais entre Línguas Orais e de Sinais

As línguas de sinais, frequentemente confundidas com mímica ou gestos simplificados, são, na verdade, sistemas linguísticos complexos e sofisticados, tão ricos e expressivos quanto as línguas orais. Embora ambas compartilhem o objetivo primordial de comunicação, as diferenças entre elas vão muito além do canal utilizado. Este artigo explorará as principais distinções entre línguas orais e de sinais, destacando a singularidade e a riqueza da comunicação viso-motora.

A diferença mais evidente reside, claro, no canal de comunicação. Línguas orais utilizam o canal oral-auditivo, transmitindo informações através de sons produzidos pelo aparelho fonador e recebidos pelo sistema auditivo. Já as línguas de sinais utilizam o canal viso-motor, transmitindo significado por meio de movimentos das mãos, expressões faciais e corporais, percebidos pela visão. Essa distinção fundamental impacta profundamente a estrutura e organização de cada tipo de língua.

A gramática da visão: Enquanto as línguas orais frequentemente dependem de uma estrutura linear, sequenciando sons para formar palavras e frases, as línguas de sinais exploram a simultaneidade. Sinais podem ser produzidos com ambas as mãos ao mesmo tempo, incorporando expressões faciais e corporais que modificam e complementam o significado. A iconicidade, presente em alguns sinais que visualmente representam o objeto ou ação referida, também desempenha um papel importante, embora não defina a língua de sinais como um todo. A gramática das línguas de sinais se estrutura em parâmetros fonológicos visuais como configuração de mão, ponto de articulação, movimento, orientação da palma e expressões não manuais. A alteração de um desses parâmetros pode modificar completamente o significado de um sinal, assim como a mudança de um fonema altera o significado de uma palavra em línguas orais.

Modalidades diferentes, cognição semelhante: Apesar das diferenças estruturais, pesquisas demonstram que as línguas de sinais e as línguas orais ativam áreas cerebrais semelhantes relacionadas à linguagem. Isso reforça a ideia de que a capacidade linguística humana é independente da modalidade utilizada, seja ela oral-auditiva ou viso-motora. Ambas as tipologias linguísticas permitem a expressão de pensamentos complexos, nuances de significado e a transmissão de cultura e conhecimento através de gerações.

Além da comunicação: As línguas de sinais não são meros instrumentos de comunicação para pessoas surdas. Elas representam a identidade cultural e linguística de uma comunidade, com suas próprias variações regionais, dialetos e expressões idiomáticas. Assim como as línguas orais, as línguas de sinais são um patrimônio cultural inestimável, fundamental para a inclusão e o respeito à diversidade humana.

Compreender as diferenças entre línguas orais e de sinais é essencial para desmistificar preconceitos e promover a valorização da comunicação viso-motora. Reconhecer a complexidade e a riqueza das línguas de sinais é um passo fundamental para construir uma sociedade mais inclusiva e equitativa para todos.