Qual a diferença entre Libras e português sinalizado?
A Libras possui estrutura frasal e gramática próprias, assegurando comunicação fluida e eficiente entre seus usuários. Diferentemente, o português sinalizado adapta a língua portuguesa falada para sinais, sem a estrutura gramatical autônoma e rica da Libras. A Libras é uma língua completa, com sua própria sintaxe e semântica.
Libras x Português Sinalizado: Duas Linguagens, Duas Realidades
A comunicação entre surdos e ouvintes, por muito tempo, foi permeada por mal-entendidos e barreiras de acesso à informação. A crença de que a simples tradução de palavras faladas para gestos bastava para garantir a comunicação era equivocada e perpetuava a exclusão. É aqui que a distinção entre Libras (Língua Brasileira de Sinais) e Português Sinalizado se torna crucial. Embora ambas utilizem sinais, suas naturezas são radicalmente diferentes e compreendê-las é fundamental para respeitar e valorizar a cultura surda.
A Libras, reconhecida legalmente como língua oficial do Brasil, é uma língua natural e completa, com sua própria gramática, sintaxe, vocabulário e estrutura frasal. Ela não é uma imitação ou adaptação de outra língua, mas sim um sistema linguístico rico e complexo que se desenvolveu organicamente na comunidade surda brasileira. A Libras permite expressar nuances de significado, conceitos abstratos e emoções com a mesma riqueza e precisão que qualquer língua oral. A ordem das palavras, por exemplo, desempenha um papel fundamental na construção de sentido, diferentemente do português. Um exemplo simples: a colocação do sinal correspondente ao verbo em relação aos substantivos pode modificar completamente o significado da frase.
Já o Português Sinalizado, também conhecido como “Português em Sinais”, é uma forma de comunicação improvisada e contextual. Ele basicamente consiste em traduzir a língua portuguesa oral, palavra por palavra, para sinais, muitas vezes de forma literal e sem seguir a estrutura gramatical da Libras. Imagine tentar traduzir uma frase em português para o inglês, palavra por palavra, sem levar em conta a gramática inglesa: o resultado seria uma sequência incompreensível. O mesmo ocorre com o Português Sinalizado: a falta de estrutura gramatical própria dificulta a compreensão, tornando a comunicação menos eficiente e fluida. Ele serve, em muitos casos, como um recurso emergencial ou para situações em que o interlocutor não domina a Libras.
A principal diferença reside, portanto, na autonomia linguística. A Libras é autônoma, enquanto o Português Sinalizado é dependente da gramática da língua portuguesa falada. A Libras possui recursos próprios para expressar tempo, modo, aspecto verbal, entre outros elementos gramaticais, enquanto o Português Sinalizado se limita a uma tradução literal e frequentemente inadequada. Isso impacta diretamente na fluência e na riqueza da comunicação.
Em resumo: usar Português Sinalizado para se comunicar com surdos é como tentar falar em português com um falante de inglês usando traduções literais de cada palavra. Embora algumas palavras possam ser compreendidas, a mensagem como um todo se perde, resultando em comunicação deficiente. Valorizar a Libras como uma língua completa é crucial para garantir a inclusão e a plena participação dos surdos na sociedade, respeitando sua cultura e sua forma de comunicação natural e rica.
#Diferenças#Libras#Português SinalizadoFeedback sobre a resposta:
Obrigado por compartilhar sua opinião! Seu feedback é muito importante para nos ajudar a melhorar as respostas no futuro.