Por que a Libras não pode ser considerada uma língua universal?

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A Língua Brasileira de Sinais (Libras) não é universal, pois cada país possui a sua própria língua de sinais, com características e sinais próprios. É importante lembrar que a Libras é a língua materna dos surdos brasileiros, aprendida antes mesmo do português, e possui uma rica estrutura e cultura.

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Por que a Libras não é uma língua universal: a riqueza e a diversidade das línguas de sinais

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma língua rica e complexa, com sua própria gramática, vocabulário e estrutura. É a língua materna de milhares de brasileiros surdos, desempenhando um papel fundamental na formação de sua identidade e na construção de sua comunidade. No entanto, um equívoco comum é a percepção de que a Libras possa ser considerada uma língua universal para surdos em todo o mundo. Este artigo explora os motivos pelos quais essa afirmação é incorreta.

A principal razão pela qual a Libras não pode ser considerada universal reside na própria natureza das línguas de sinais. Ao contrário de línguas orais, que, apesar de suas variações dialetais, compartilham uma base comum (pense nas diferentes formas de falar português no Brasil), as línguas de sinais evoluíram de forma independente em diferentes países e regiões. Cada país, e até mesmo diferentes regiões dentro de um mesmo país, desenvolveu sua própria língua de sinais, com léxico, gramática e estrutura sintática próprias.

Essa diversidade não é um mero detalhe, mas sim uma demonstração da riqueza e da vitalidade das línguas de sinais. A Libras, por exemplo, difere significativamente da American Sign Language (ASL), da Langue des Signes Française (LSF) ou da British Sign Language (BSL). A diferença não se limita apenas a alguns sinais isolados; envolve aspectos estruturais profundos, como a ordem das palavras na frase, a utilização do espaço e a incorporação de informações gramaticais na própria configuração dos sinais. Tentar utilizar a Libras com um surdo de outro país seria tão eficaz quanto tentar comunicar-se em português com alguém que só fala inglês.

Além disso, a criação de uma “língua de sinais universal” artificial enfrenta obstáculos significativos. A própria natureza visual-espacial das línguas de sinais torna a padronização extremamente complexa. As expressões faciais, a movimentação do corpo e o uso do espaço são elementos cruciais na comunicação, e sua tradução literal para uma língua de sinais diferente resulta quase sempre em mal-entendidos. A tentativa de criar uma língua universal artificiosa, sem a organicidade e a riqueza cultural inerentes às línguas de sinais existentes, provavelmente levaria a uma comunicação simplificada e improdutiva.

Em resumo, a Libras, como qualquer outra língua de sinais, é um sistema linguístico rico e complexo, intrinsecamente ligado à cultura surda brasileira. A diversidade de línguas de sinais pelo mundo não representa uma falha, mas sim uma demonstração da capacidade humana de criar e adaptar a linguagem às suas necessidades e contextos culturais. Reconhecer e respeitar essa diversidade é fundamental para promover a inclusão e o pleno desenvolvimento das comunidades surdas em todo o planeta.