Qual o idioma mais falado no Brasil depois do português?

11 visualizações
Libras (Língua Brasileira de Sinais) é reconhecida como segunda língua oficial do Brasil desde 2002, desbancando idiomas estrangeiros falados por imigrantes e descendentes, como o alemão e o italiano, na disputa pelo posto de segundo idioma mais utilizado no país. Estimativas apontam para mais de 10 milhões de usuários.
Feedback 0 curtidas

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) reina silenciosamente como a segunda língua mais utilizada no Brasil, um título frequentemente esquecido em meio ao burburinho das línguas estrangeiras. Oficializada em 2002, a Libras superou idiomas historicamente presentes no país, como o alemão e o italiano, falados por comunidades imigrantes e seus descendentes. Com mais de 10 milhões de usuários, segundo estimativas, a Libras tece uma complexa e rica teia de comunicação, desmistificando a ideia de que a linguagem se limita aos sons.

A Libras não é uma simples mímica ou gestualização da língua portuguesa. Trata-se de um idioma completo, com gramática, sintaxe e léxico próprios, estruturados visualmente e espacialmente. Expressões faciais, movimentos corporais e a configuração das mãos se combinam para formar um universo linguístico singular, capaz de expressar ideias, emoções e conceitos com a mesma profundidade e complexidade que a língua oral. Reconhecer a Libras como segunda língua oficial não foi apenas um ato simbólico, mas um passo fundamental para a inclusão social e linguística da comunidade surda brasileira.

A trajetória da Libras até o seu reconhecimento oficial foi marcada por lutas e perseverança. Por muito tempo, a língua de sinais foi marginalizada, vista como uma forma de comunicação inferior ou até mesmo como um obstáculo ao desenvolvimento da linguagem oral em pessoas surdas. Métodos oralistas, que priorizavam o ensino da fala, foram amplamente difundidos, muitas vezes em detrimento da Libras. No entanto, a comunidade surda resistiu, defendendo o direito de se comunicar em sua própria língua e reivindicando o reconhecimento da Libras como um idioma legítimo.

A oficialização da Libras representou uma vitória histórica, abrindo portas para a inclusão em diversos âmbitos da sociedade. A Lei nº 10.436/2002, que reconhece a Libras como meio legal de comunicação e expressão, e o Decreto nº 5.622/2005, que regulamenta a oferta da Libras na educação, foram marcos importantes nesse processo. A partir daí, a Libras passou a ser incluída nos currículos de formação de professores, garantindo que as futuras gerações pudessem aprender e ensinar essa língua. Além disso, a lei também prevê a presença de intérpretes de Libras em diversos contextos, como em órgãos públicos, hospitais e eventos culturais, facilitando o acesso à informação e à comunicação para a comunidade surda.

Apesar dos avanços, ainda há desafios a serem superados. A formação de intérpretes de Libras qualificados, a acessibilidade em espaços públicos e privados, e a conscientização da sociedade sobre a importância da Libras são pontos cruciais para garantir a plena inclusão das pessoas surdas. É necessário um esforço contínuo para que a Libras seja verdadeiramente integrada à sociedade, não apenas como uma segunda língua, mas como uma forma de comunicação valorizada e respeitada.

Aprender Libras não é apenas aprender um novo idioma, é abrir-se para uma nova perspectiva de mundo, uma forma diferente de se comunicar e de se conectar com as pessoas. É um convite à diversidade linguística e cultural, um passo fundamental para construir uma sociedade mais inclusiva e justa para todos. A Libras, em sua silenciosa eloquência, nos lembra que a comunicação vai além das palavras, transcende o som e encontra expressão na riqueza dos gestos e na força da visualidade. Ao valorizarmos a Libras, estamos valorizando a diversidade humana e construindo um futuro mais acessível e comunicativo para todos.