Qual é o grau de autismo quando a criança não fala?

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O autismo não é categorizado em graus. A dificuldade de fala, presente em alguns autistas, não determina a intensidade do autismo. Crianças com dificuldades de comunicação e socialização devem ser avaliadas por profissionais para diagnóstico e intervenções adequadas, visando o desenvolvimento de suas habilidades e autonomia.

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O Silêncio não Define o Autismo: Compreendendo a Comunicação em Crianças Autistas

A ausência de fala em uma criança muitas vezes gera preocupação e, quando associada a outras características atípicas, pode levar à suspeita de autismo. É fundamental, porém, desmistificar a ideia de que a capacidade de comunicação verbal determina a “gravidade” ou o “grau” do Transtorno do Espectro Autista (TEA). O autismo não é categorizado em graus. A antiga classificação em níveis de severidade (1, 2 e 3) foi abolida, justamente para evitar a rotulação e a redução da complexidade do TEA a uma escala numérica.

A dificuldade ou ausência de fala em crianças com autismo é apenas um dos sintomas possíveis, que pode se manifestar de diversas formas e intensidades. Algumas crianças podem apresentar uma fala atrasada, enquanto outras podem ter dificuldades de compreensão da linguagem, de iniciar e manter uma conversa, ou de usar a linguagem de forma socialmente apropriada. Outras ainda podem apresentar fala ecolálica (repetição de palavras ou frases ouvidas), ou desenvolver sistemas de comunicação não-verbais próprios. A ausência de fala não significa, necessariamente, um autismo mais “grave” – apenas indica uma dificuldade específica na área da comunicação.

É importante entender que o TEA é um espectro, o que significa que ele se manifesta de forma única em cada indivíduo. Dois autistas podem apresentar perfis completamente diferentes, com diferentes níveis de habilidades e dificuldades em diversas áreas, incluindo a comunicação, interação social e comportamentos repetitivos e restritos. Uma criança autista que não fala pode apresentar outras habilidades altamente desenvolvidas, como memória excepcional, talento musical ou habilidade com jogos de estratégia. Já outra criança autista que fala fluentemente pode apresentar dificuldades significativas na interação social e comportamentos repetitivos que impactam sua vida diária.

O que fazer se sua criança não fala e apresenta outros sintomas que sugerem autismo?

A primeira e mais importante ação é procurar ajuda profissional. Uma avaliação completa realizada por uma equipe multidisciplinar, que pode incluir psicólogos, neurologistas, psiquiatras infantis e terapeutas ocupacionais, é crucial para um diagnóstico preciso. Essa avaliação levará em conta um conjunto amplo de fatores, não se limitando apenas à fala, mas analisando o desenvolvimento global da criança, incluindo:

  • Interação social: Como a criança se relaciona com outras pessoas? Demonstra interesse em interação social?
  • Comportamento: Apresenta comportamentos repetitivos ou estereotipados? Tem dificuldades com mudanças na rotina?
  • Jogos e brincadeiras: Como a criança brinca? Utiliza brinquedos de forma imaginativa ou funcional?
  • Sensibilidade sensorial: Apresenta reações exageradas ou reduzidas a estímulos sensoriais (luz, som, toque)?

Após o diagnóstico, o plano de intervenção será personalizado para atender às necessidades específicas da criança. Este plano pode incluir terapia de linguagem, terapia comportamental, terapia ocupacional, e outras intervenções que visam o desenvolvimento de habilidades e a promoção da autonomia.

Em resumo: A ausência de fala não define a intensidade do autismo. A busca por uma avaliação profissional precoce é fundamental para um diagnóstico preciso e a implementação de intervenções eficazes que apoiem o desenvolvimento da criança. O foco deve estar no suporte individualizado e na celebração das habilidades únicas de cada indivíduo no espectro autista.