Para que serve a gramática normativa?

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A gramática normativa regula o uso formal da língua portuguesa, definindo padrões de concordância, regência, flexão (gênero, número, pessoa), colocação pronominal e até mesmo pronúncia e acentuação. Seu objetivo é garantir a clareza e a uniformidade na comunicação escrita e, em menor grau, na falada.

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Para que serve a gramática normativa? Muito além da “regra certa”

A gramática normativa, frequentemente associada à ideia de “regra certa” e “erro”, desempenha um papel muito mais complexo e importante na sociedade do que simplesmente apontar o que é “certo” ou “errado” na língua portuguesa. Sua função transcende a mera correção gramatical, atuando como um instrumento fundamental para a construção de uma comunicação eficaz e inclusiva, ainda que paradoxalmente.

Em sua essência, a gramática normativa define os padrões da língua considerada formal, estabelecendo as regras de concordância verbal e nominal, regência (uso correto de preposições), flexão (variação de gênero, número e pessoa), colocação pronominal (posição dos pronomes na frase) e, em menor extensão, aspectos de pronúncia e acentuação. Essa estruturação, contudo, não visa a impor uma forma única e inflexível de se expressar, mas sim a garantir a clareza e a uniformidade na comunicação escrita, principalmente.

A clareza, nesse contexto, implica a capacidade de transmitir uma mensagem de forma inequívoca, evitando ambiguidades e mal-entendidos. Em contextos formais, como documentos jurídicos, acadêmicos ou administrativos, a precisão da linguagem é crucial para evitar interpretações errôneas que podem ter consequências significativas. A uniformidade, por sua vez, facilita a compreensão intertextual, permitindo que leitores de diferentes regiões e níveis socioculturais acessem e compreendam o texto com maior facilidade.

No entanto, é importante ressaltar a complexa relação entre a gramática normativa e a variação linguística. A língua viva, dinâmica e sujeita a mudanças constantes, apresenta uma diversidade de formas de expressão que frequentemente se desviam dos padrões normativos. Reconhecer essa diversidade é crucial para evitar o etnocentrismo linguístico e a marginalização de grupos sociais que utilizam variedades linguísticas diferentes da norma culta. A gramática normativa não deve ser um instrumento de exclusão, mas sim uma ferramenta para auxiliar na construção de pontes comunicacionais.

Portanto, a gramática normativa serve, principalmente, para:

  • Garantir a clareza e precisão da comunicação escrita formal: permitindo que a mensagem seja transmitida de forma inequívoca, evitando ambiguidades e mal-entendidos.
  • Promover a uniformidade na comunicação: facilitando a compreensão intertextual e a acessibilidade a textos de diferentes origens.
  • Facilitar o aprendizado da língua: oferecendo um arcabouço estrutural que auxilia na compreensão e produção de textos.
  • Contribuir para o desenvolvimento de habilidades comunicativas: aprimorando a capacidade de expressão escrita e, em menor medida, oral.

Em conclusão, a gramática normativa é uma ferramenta poderosa, mas sua aplicação requer sensibilidade e consciência de sua complexa relação com a diversidade linguística. O objetivo não é a imposição de uma única forma “correta” de falar ou escrever, mas a promoção de uma comunicação eficaz e inclusiva, que leve em consideração tanto a necessidade de clareza e uniformidade quanto a riqueza e a beleza da variação linguística presente em nossa língua.

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