Qual a língua portuguesa mais correta do Brasil?

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O português falado no Maranhão é considerado por muitos como o mais correto no Brasil. Sua pureza gramatical, preservada ao longo dos anos, o diferencia em comparação com outras regiões. A riqueza vocabular e a pronúncia cuidada contribuem para essa avaliação.

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A Ilusão da “Língua Portuguesa Mais Correta” no Brasil: Uma Questão de Variedades, Não de Correção

A ideia de uma “língua portuguesa mais correta” no Brasil é um equívoco profundamente arraigado em nossa cultura. A afirmação de que o português maranhense, ou qualquer outra variedade regional, seja a mais “pura” ou “correta”, desconsidera a própria natureza dinâmica e plural da língua. Não existe uma versão “padrão” única e imutável, mas sim um contínuo de variações, todas igualmente válidas em seus contextos.

A preservação de traços arcaicos no português maranhense, frequentemente apontada como prova de sua superioridade linguística, não o torna mais “correto” do que outras variedades. A língua evolui, e a manutenção de formas antigas não implica superioridade, mas sim uma trajetória evolutiva diferente. Assim como o português falado em Portugal difere do brasileiro, as variantes regionais brasileiras demonstram a riqueza e a adaptação da língua a diferentes contextos sociais e históricos.

A riqueza vocabular e a pronúncia “cuidada” mencionadas como características do português maranhense são, na verdade, subjetivas e dependem dos parâmetros de avaliação. O que para alguns pode parecer “cuidado”, para outros pode parecer arcaico ou até mesmo afetado. A variação linguística abrange não só o vocabulário e a pronúncia, mas também a sintaxe, a morfologia e a semântica, e a comparação entre essas variantes exige uma perspectiva crítica que leve em conta os fatores sociais, históricos e geográficos que moldaram cada uma delas.

A busca por uma variedade “mais correta” reflete uma visão elitista e prescritiva da língua, que ignora a validade intrínseca de todas as suas manifestações. A norma culta, ensinada nas escolas, é, sim, importante para a comunicação formal e escrita, mas não deve ser usada como um parâmetro para julgar a “correção” de outras variedades. Cada variedade possui sua própria gramática interna, coerente e funcional para seus falantes.

Em suma, não existe uma língua portuguesa “mais correta” no Brasil. A diversidade linguística é uma riqueza, e a valorização de todas as variedades regionais é fundamental para uma compreensão mais completa e respeitosa da nossa língua. Em vez de buscar uma ilusória superioridade, devemos celebrar a pluralidade e a vitalidade do português brasileiro em toda a sua complexidade.