Como se classifica a deficiência mental?

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A deficiência mental é classificada em níveis de acordo com o grau de comprometimento cognitivo:

  • Limite ou borderline: pequeno atraso na aprendizagem
  • Ligeiro: atraso mínimo nas habilidades receptivo-motoras
  • Moderado: dificuldades em leitura, escrita e cálculos
  • Severo: problemas psicomotores
  • Profundo: comprometimento severo nas habilidades cognitivas e funcionais
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A Complexidade da Classificação da Deficiência Intelectual: Além dos Níveis de Gravidade

A deficiência intelectual (DI), anteriormente conhecida como deficiência mental, é uma condição caracterizada por limitações significativas tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo, expressas em habilidades conceituais, práticas e sociais. A classificação desta condição, no entanto, vai além de uma simples escala de gravidade, demandando uma compreensão holística do indivíduo e de suas necessidades específicas. A categorização em níveis de severidade, embora útil para direcionar recursos e intervenções, não deve ser vista como um rótulo definitivo que define a pessoa em sua totalidade.

O sistema tradicional de classificação, ainda frequentemente utilizado, divide a DI em níveis de acordo com o Quociente de Inteligência (QI) e o nível de adaptação. Entretanto, a dependência exclusiva do QI é criticada por muitos especialistas, pois ele não reflete completamente a complexidade da DI, ignorando fatores como: as habilidades e potencialidades individuais, o impacto do contexto sociocultural e as oportunidades de desenvolvimento oferecidas.

Em vez de focar apenas na severidade, uma abordagem mais completa considera a necessidade de uma avaliação multidisciplinar que abranja diversos aspectos da vida do indivíduo. Esta avaliação deve considerar:

  • Funcionamento Intelectual: Avaliado por testes de QI, que medem habilidades como raciocínio, resolução de problemas e memória. É importante notar que os escores de QI são apenas uma ferramenta e devem ser interpretados com cautela, considerando a influência de fatores externos.

  • Comportamento Adaptativo: Avalia as habilidades do indivíduo em lidar com as demandas da vida diária, incluindo habilidades conceituais (linguagem, leitura, escrita), habilidades práticas (autocuidado, uso de dinheiro) e habilidades sociais (interação social, obediência a regras). Essa avaliação é crucial, pois reflete a capacidade de funcionamento independente do indivíduo em seu ambiente.

  • Contexto e Apoio: O ambiente familiar, escolar e social desempenha um papel crucial no desenvolvimento e na qualidade de vida da pessoa com DI. O nível de apoio necessário varia consideravelmente de acordo com o contexto e as necessidades individuais.

Os níveis de severidade, embora usados, devem ser entendidos dentro desse contexto:

Enquanto a literatura ainda menciona os níveis (ligeiro, moderado, severo e profundo), a ênfase atual está na necessidade de intervenções personalizadas. A classificação em níveis pode ser utilizada como um guia inicial, mas não deve ser o único fator a determinar o tipo de suporte e as oportunidades oferecidas. A descrição dos níveis, baseada no antigo sistema de classificação, serve apenas como ilustração:

  • Leve: O indivíduo apresenta um funcionamento intelectual relativamente preservado, podendo aprender habilidades acadêmicas e profissionais básicas. Podem precisar de suporte em situações mais complexas ou exigentes.

  • Moderado: O indivíduo apresenta dificuldades significativas em habilidades acadêmicas e precisa de suporte mais intenso em atividades da vida diária. A independência funcional pode ser limitada.

  • Severo: O indivíduo apresenta comprometimento significativo no funcionamento intelectual e adaptativo, necessitando de suporte extensivo em todas as áreas da vida.

  • Profundo: O indivíduo apresenta comprometimento muito severo em todas as áreas, necessitando de suporte constante em todas as atividades.

Conclusão:

A classificação da deficiência intelectual é um processo complexo que requer uma avaliação multifacetada, considerando o funcionamento intelectual, o comportamento adaptativo e o contexto sociocultural. A ênfase deve estar em identificar as necessidades individuais de cada pessoa, visando proporcionar um suporte adequado que maximize seu potencial e qualidade de vida, em vez de se ater rigidamente a categorias de severidade. A pessoa com DI deve ser vista em sua singularidade e potencialidade, e não apenas pelo seu diagnóstico.