O que é Morfologia na língua de sinais?

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A Morfologia, na Língua de Sinais, é o estudo da estrutura interna dos sinais, desvendando como eles são formados e quais as unidades mínimas com significado (morfemas) que os compõem.

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A Morfologia na Língua de Sinais: Desvendando a Estrutura dos Sinais

A língua de sinais, frequentemente percebida como um sistema de comunicação puramente gestual, possui uma complexa estrutura gramatical, assim como qualquer língua oral. A Morfologia, ramo da linguística que estuda a estrutura interna das palavras, desempenha um papel crucial na compreensão dessa estrutura. No entanto, enquanto na língua portuguesa a morfologia se concentra na análise de morfemas em palavras faladas e escritas, na língua de sinais, a análise se concentra na estrutura espacial e temporal dos sinais, revelando uma rica gama de processos morfológicos únicos.

Ao contrário da linguagem falada, onde a combinação de fonemas forma morfemas e, posteriormente, palavras, a língua de sinais utiliza parâmetros como a configuração de mão (CM), a localização no espaço (LO), o movimento (MV), a orientação da mão (OM) e os aspectos faciais e corporais para construir seus sinais. A morfologia em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e outras línguas de sinais, portanto, investiga como a combinação e a modificação desses parâmetros criam diferentes significados.

Um aspecto fundamental da morfologia em línguas de sinais é a morfologia compostacional, onde sinais são formados pela combinação de dois ou mais sinais independentes. Por exemplo, o sinal para “irmão mais velho” pode ser formado pela combinação do sinal para “irmão” e o sinal para “velho”, com uma possível modificação no movimento ou na localização para indicar a relação entre os dois componentes. Essa composição permite a criação de novos sinais a partir de elementos já existentes, expandindo o vocabulário de forma significativa.

Outro processo importante é a morfologia derivacional, na qual um sinal existente é modificado para criar um novo significado. Essa modificação pode envolver alterações sutis na configuração de mão, no movimento ou na orientação, resultando em um sinal derivado com um significado relacionado, porém diferente. Por exemplo, uma pequena alteração no movimento de um sinal pode indicar o aspecto iterativo ou contínuo da ação. Já a modificação na orientação da mão pode mudar o objeto ou a direção da ação.

A morfologia flexional, por sua vez, marca informações gramaticais, como número, tempo e aspecto, diretamente no sinal. Essas modificações podem ser expressas por meio da repetição do sinal, da variação na intensidade ou velocidade do movimento, ou ainda pela incorporação de elementos não manuais, como expressões faciais que complementam o significado.

A pesquisa em morfologia de línguas de sinais ainda está em desenvolvimento, desvendando cada vez mais a riqueza e complexidade desses sistemas linguísticos. A análise morfológica contribui não apenas para uma melhor compreensão da estrutura interna das línguas de sinais, mas também para a valorização e o reconhecimento dessas línguas como sistemas linguísticos completos e sofisticados, merecedores de estudo aprofundado e respeito. Compreender a morfologia das línguas de sinais é essencial para o desenvolvimento de materiais didáticos adequados, para a formação de intérpretes capacitados e para a promoção da inclusão social das pessoas surdas.