Quais são as regras de concordância verbal?

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A concordância verbal estabelece que o verbo deve concordar em número (singular/plural) e pessoa (1ª, 2ª, 3ª) com o seu sujeito. A regra geral é simples: sujeito singular, verbo no singular; sujeito plural, verbo no plural. Casos específicos incluem sujeitos compostos (verbo geralmente no plural), sujeitos coletivos (verbo no singular, a menos que especificado), e verbos impessoais (sem sujeito, sempre na 3ª pessoa do singular). Atenção especial deve ser dada a partículas apassivadoras e pronomes relativos.
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A Dança Harmoniosa entre Sujeito e Verbo: Desvendando as Regras da Concordância Verbal

A língua portuguesa, com sua riqueza e nuances, exige precisão na construção das frases. Um dos pilares dessa precisão é a concordância verbal, a fina arte de harmonizar o verbo com o seu sujeito em termos de número e pessoa. Dominar essa concordância é fundamental para uma comunicação clara, eficaz e, acima de tudo, gramaticalmente correta.

A regra geral, como ponto de partida, é intuitiva e direta: um sujeito no singular exige um verbo também no singular, enquanto um sujeito no plural demanda um verbo pluralizado. O sol brilha forte e As estrelas cintilam no céu são exemplos claros dessa regra básica em ação. No entanto, a gramática reserva algumas particularidades que merecem atenção e um olhar mais atento.

Um dos desafios mais comuns reside nos sujeitos compostos. Via de regra, quando o sujeito é composto (constituído por dois ou mais núcleos), o verbo flexiona-se no plural. João e Maria foram ao mercado ilustra essa situação. Contudo, existem exceções. Se os núcleos do sujeito composto forem sinônimos ou expressarem uma ideia de gradação, o verbo pode concordar com o núcleo mais próximo. A calma e a paciência ajudam a resolver problemas é um exemplo, onde o verbo ajudam está no plural, mas poderia, em certos contextos, ser usado no singular (ajuda).

Outro ponto que demanda cuidado são os sujeitos coletivos. Palavras como turma, grupo, multidão são consideradas sujeitos coletivos e, em geral, o verbo concorda no singular: A multidão gritava ensandecida. A exceção ocorre quando o coletivo vem especificado, ou seja, acompanhado de um complemento que indica uma parte do todo. Nesse caso, a concordância pode ser feita tanto no singular quanto no plural: A maioria dos alunos faltou à aula ou A maioria dos alunos faltaram à aula. Ambas as construções são gramaticalmente aceitáveis.

Os verbos impessoais representam outro desafio. Esses verbos, que não possuem sujeito, geralmente indicam fenômenos da natureza (chover, trovejar, gear) ou expressam tempo decorrido (haver, fazer). Nesses casos, o verbo permanece invariavelmente na terceira pessoa do singular. Choveu muito ontem e Faz dez anos que me formei são exemplos clássicos. O verbo haver, quando utilizado no sentido de existir, também é impessoal e, portanto, não varia: Havia muitos problemas a serem resolvidos.

A atenção aos pronomes relativos (que, quem, qual, cujo) é crucial. O verbo deve concordar com o antecedente do pronome relativo. Fui eu que fiz o bolo (o verbo fiz concorda com o pronome eu, que é o antecedente do pronome relativo que). Se o pronome relativo for quem, a concordância pode ser feita tanto com o antecedente quanto com o próprio pronome: Fui eu quem fez o bolo ou Fui eu quem fezeste o bolo.

Por fim, as partículas apassivadoras (se) merecem destaque. Em construções como Vendem-se casas, o se é uma partícula apassivadora e o sujeito é casas, que está no plural. Portanto, o verbo deve concordar no plural: Vendem-se casas.

Em suma, a concordância verbal, embora aparentemente complexa, é regida por princípios lógicos e consistentes. A chave para dominá-la reside na compreensão das regras gerais, na atenção aos casos específicos e, acima de tudo, na prática constante da leitura e da escrita. Com dedicação e estudo, a dança harmoniosa entre sujeito e verbo se tornará uma melodia fluida e natural na sua expressão em português.