Qual o método que é utilizado na educação de surdos para o ensino da língua de sinais como primeira língua?

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Bilinguismo. Prioriza a Libras como L1, permitindo o desenvolvimento cognitivo-linguístico natural da criança surda. A língua oral (português) é ensinada posteriormente como L2, respeitando a identidade linguística e cultural surda. Essa abordagem reconhece a Libras como língua plena e fundamental para o acesso à educação e inclusão social.
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O Bilinguismo na Educação de Surdos: Libras como Primeira Língua

A educação de surdos passou por diversas transformações ao longo da história, refletindo mudanças de paradigma na compreensão da surdez e da linguagem. Por muito tempo, a oralização foi a abordagem predominante, buscando integrar surdos ao mundo ouvinte através do desenvolvimento da fala e da leitura labial. No entanto, essa metodologia, muitas vezes, impedia o desenvolvimento linguístico pleno e causava frustração e exclusão social. A compreensão da língua de sinais como uma língua completa e natural, com sua própria estrutura gramatical e riqueza expressiva, revolucionou a forma como a educação de surdos é encarada. Atualmente, o método mais eficaz e respeitoso com a cultura surda é o bilinguismo, que prioriza a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como primeira língua (L1).

O bilinguismo na educação de surdos não se trata simplesmente de ensinar duas línguas; é uma abordagem pedagógica que valoriza a identidade linguística e cultural da criança surda, reconhecendo a Libras como a língua natural para seu desenvolvimento cognitivo-linguístico. Ao utilizar a Libras como L1, a criança surda se desenvolve de forma natural e espontânea, adquirindo a linguagem com a mesma fluência e riqueza de detalhes que uma criança ouvinte adquire sua língua materna. Isso impacta positivamente em diversas áreas do desenvolvimento, como a comunicação, o raciocínio lógico, a memória e a capacidade de aprendizagem.

A aquisição da Libras como L1 permite que a criança surda construa sua identidade e se comunique com fluência desde cedo, favorecendo sua interação social e integração no contexto surdo. Isso é fundamental para o desenvolvimento da autoestima e da autoconfiança, elementos cruciais para uma vida plena e independente. O acesso à Libras em idade precoce possibilita que a criança surda participe ativamente do processo de aprendizagem, compreenda as instruções, interaja com os colegas e os professores, e construa conhecimentos de forma significativa.

A língua portuguesa, por sua vez, é introduzida posteriormente como segunda língua (L2), respeitando o ritmo e as necessidades individuais de cada aluno. O ensino do português como L2 deve ser realizado de forma contextualizada e significativa, utilizando estratégias pedagógicas adequadas às características da língua e do aprendizado de surdos. É importante que o português seja ensinado como uma ferramenta de acesso ao conhecimento e à cultura escrita, sem que se busque substituir a Libras como meio de comunicação principal.

Em resumo, o bilinguismo na educação de surdos é um método inclusivo e eficaz que promove o desenvolvimento pleno das crianças surdas, reconhecendo a Libras como sua língua natural e fundamental. Essa abordagem permite que elas se desenvolvam linguisticamente, cognitivamente e socialmente, construindo uma identidade surda forte e participando ativamente da sociedade. A implementação dessa metodologia exige a formação adequada de professores, intérpretes e profissionais da educação, que compreendam a importância da Libras e estejam aptos a utilizar estratégias pedagógicas apropriadas para o ensino bilíngue. Somente assim, poderemos garantir o acesso à educação de qualidade e a inclusão social de todos os surdos. A priorização da Libras como L1 representa um avanço significativo na busca por uma educação mais justa e equitativa para a comunidade surda.