Quem é surdo tem dificuldade na fala?

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A fala depende da audição. Pessoas com perda auditiva severa têm dificuldades na articulação, pois não ouvem a si mesmas, comprometendo a sua produção de fala. Não todos os surdos têm a fala comprometida, mas a perda auditiva pode afetar a produção e compreensão da fala.

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A Relação entre Surdez e Fala: Uma Análise Mais Profunda

A afirmação “quem é surdo tem dificuldade na fala” é uma simplificação perigosa, que mascara uma realidade complexa e individualizada. Enquanto a fala, de fato, depende da audição para o seu desenvolvimento e aprimoramento, a relação entre surdez e fala é muito mais multifacetada do que uma simples causa e efeito.

A audição desempenha um papel crucial na aquisição e aprimoramento da fala. Pessoas com perda auditiva severa, especialmente aquelas que perderam a audição precocemente, podem apresentar dificuldades na articulação. A falta de auto-escuta – ou seja, a incapacidade de ouvir a si mesmas – torna-se um obstáculo significativo na construção da fala. A qualidade dos sons produzidos não é percebida com clareza, dificultando a correção e o refinamento da própria pronúncia. Esses indivíduos podem apresentar variações na produção de sons, ritmo e entonação, o que pode levar a uma fala menos fluente e compreensível.

No entanto, é fundamental destacar que a surdez não é sinônimo de fala comprometida. Existem muitos surdos que possuem uma proficiência na fala, seja por meio da aquisição de um código oral, da utilização de recursos audio-descritivos, ou de estratégias de comunicação alternativas. A experiência individual com a perda auditiva, a idade em que a surdez ocorreu, a intervenção terapêutica recebida e até mesmo fatores socioculturais podem influenciar significativamente o desenvolvimento da fala. Um surdo que tenha recebido intervenção precoce, com estímulos e terapias adequadas, pode apresentar um domínio da fala comparável ao de uma pessoa ouvinte.

Além disso, é importante reconhecer a diversidade de experiências dentro da comunidade surda. A comunicação oral não é a única forma de interação e expressão. Línguas de sinais, por exemplo, são línguas completas e ricas, com estruturas gramaticais próprias, e garantem a comunicação plena e eficaz dos surdos entre si e com ouvintes. A ênfase na fala, muitas vezes, pode marginalizar as formas de comunicação alternativas e ricas da comunidade surda, reforçando preconceitos e limitando a capacidade dos surdos de se expressarem e interagirem.

Em suma, a relação entre surdez e fala é complexa e individualizada. Embora a perda auditiva possa influenciar a produção e a compreensão da fala, é crucial evitar generalizações e reconhecer a diversidade de experiências dentro da comunidade surda. A fala não define a identidade ou a capacidade comunicativa de um surdo. O foco deve estar na promoção de uma comunicação eficaz e inclusiva, respeitando as múltiplas linguagens e formas de expressão.